FETIEP E STIPAPEL

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          Independência Política, Apoio e Crítica.

 

                 Passado o embate eleitoral, feitas as análises, é hora de agir e caminhar. Mas agir prá quê e caminhar para onde? – Nós pensamos que devemos agir para levar adiante a agenda, a plataforma, o Projeto Político da Classe Trabalhadora. Caminhar olhando prá frente, para o futuro, na busca do objetivo maior, um projeto de Brasil que tenha como premissa fundamental, a valorização do trabalho, a humanização das relações sociais e o bem estar de todo o povo.

 

                 Eleitoralmente falando, depois da agora tida como suspeita e lamentável morte de Eduardo Campos, polarizaram-se dois projetos. Indiscutivelmente a vitória de Dilma Roussef, apesar de tudo, refletiu a vitória de um projeto popular e democrático contra outro, neoliberal e conservador.

 

                Não iremos aqui analisar todas as artimanhas que envolveram esta contenda, nem nas redes sociais, nem na grande mídia manipuladora e golpista, nos programas TV, nos debates, nas ruas. Isso ainda está bem presente em nossas memórias e de certa maneira, contribuíram para que pudéssemos fazer nossa opção. Entretanto, não podemos deixar de registrar, o papel nefasto do monopólio dos meios de comunicação, a prática do golpismo e da propagação desmesurada da mentira e a reação conservadora, preconceituosa, mesquinha de setores derrotados da elite e da classe média, no ataque ao povo nordestino, ao ódio de classe destilado contra os ditos “pobres e ignorantes”, nas teses burras e não menos elitistas  do “separatismo”, do questionamento do resultado das urnas, de manifestações esquisitas e minoritárias pela volta da ditadura militar, visando criar um clima de revolta e impedir a Presidente Eleita de governar. Nada civilizado!

 

                Não podemos porém, deixar de registrar, que principalmente, nos Estados do Sul e Sudeste, uma enorme  parcela dos trabalhadores e trabalhadoras votaram iludidos com a cantilena das elites e do conservadorismo, contra os interesses de sua própria classe. Basta ver o resultado das eleições no Paraná, Santa Catarina e São Paulo. Quantos governadores, quantos deputados e senadores elegemos para as assembléias legislativas, a Câmara Federal e o Senado, que estão verdadeiramente comprometidos com os interesses da  classe trabalhadora? É triste ver companheiros que se dizem informados usando os mesmos argumentos dos meios de comunicação que reproduzem os interesses das elites. A própria classe média brasileira, que deveria se identificar com a classe trabalhadora, pensa que é elite, e identifica-se com ela. Mal sabem que a elite brasileira é uma das mais abastadas e poderosas do mundo. Mas apesar de toda a manipulação, do uso abusivo de meios, com desconstruções desairosas dos dois campos políticos em disputa, podemos afirmar que  temos capacidade de análise, que não subestimem a capacidade e a inteligência do povo brasileiro.

 

                 É porém lamentável  que a composição social e política do Congresso Nacional, resultante das eleições, que já não era favorável aos trabalhadores, tornou-se ainda pior. E será, mais ainda reticente aos projetos da classe trabalhadora e mais favorável ao patronato.

 

                Tocar a Agenda Trabalhista

 

              Nós não temos dúvida de que é preciso aumentar o grau de vigilância, unidade e disposição de luta da classe trabalhadora se quisermos de fato evitar retrocessos, fazer avançar a agenda trabalhista e por mudanças estruturais no país.

 

                 Dilma Roussef, em seu discurso de posse, chamou a sociedade para o diálogo, definiu prioridade à reforma política que concordamos, mas que para ter caráter democrático, acabar com o financiamento privado, a desigualdade e coibir a corrupção no processo, deve ser feita ampliando a consulta e a participação popular.

 

                 Nós sabemos que a pressão da oligarquia financeira é grande para tornar o Banco Central independente e mudar a política macroeconômica a favor capital financeiro. Nós também preconizamos mudanças nesta política, mas para desenvolver o país, ampliar a produção, o emprego, o consumo e a renda dos que trabalham.

 

                 Dilma também deixou clara a sua posição de priorizar o emprego, a melhoria de renda e da vida da classe trabalhadora, a continuidade das políticas sociais e da estratégia para o desenvolvimento da nação. Afirmou e nós registramos: “Não somos aqueles que só pensam nos banqueiros e nos juros. Somos aqueles que querem melhorar a vida de cada família”. Vamos ver!

 

                 Nós entendemos que o caminho para a realização das mudanças, tão declamadas pelo povo e repetidas exaustivamente na campanha, passa pela vontade séria e determinada do governo em realizar as reformas estruturais para destravar o país e avançar  no rumo do desenvolvimento e da consolidação da democracia. A começar pela reforma da mídia, a quebra do monopólio dos meios de comunicação, a instituição do direito de resposta, a criação de instrumentos, jornais e TV que se contraponham a mídia privada, mecanismos para dar voz aos trabalhadores e à sociedade civil organizada.

 

                 Há também demandas históricas da classe trabalhadora que foram ignoradas ou deixadas de lado, inclusive pelos governos de Lula e Dilma, que precisam ser retomadas e atendidas: precisamos de mais investimentos no SUS para fortalecer a saúde pública, também para termos uma educação de qualidade e transporte decente, o fim do fator previdenciário, a redução da jornada de trabalho, a rejeição do PL 4330 da terceirização em toda linha, a ratificação das convenções 151 e 158 da OIT que limita a demissão imotivada. Enfim, nós queremos ser ouvidos e ver nossa  agenda em andamento.

 

                 Nós defendemos o projeto de Brasil, o programa unitário da classe trabalhadora, de todo o movimento sindical brasileiro, resultado da II Conferência Nacional da Classe Trabalhadora, realizada no Estádio do Pacaembú, em 1º de Junho de 2010. Conteúdo:

 

1. Crescimento com Distribuição de Renda e Fortalecimento do Mercado Interno; 2.Valorização do Trabalho Decente com Igualdade e Inclusão Social; 3. Estado como Promotor do Desenvolvimento Socioeconômico e Ambiental; 4. Democracia com Efetiva Participação Popular; 5.Soberania e Integração Internacional; 6.Direitos Sindicais e Negociação Coletiva. Ver na íntegra: WWW.fetiep.org.br

 

 

 

                 Unidade e Mobilização

 

 

 

                 Nós acreditamos nos homens e mulheres, na sua vontade de lutar e ser feliz. Mas nós não podemos acreditar que vamos avançar um milímetro em nossas conquistas, sem organização, mobilização e luta. Nós corremos sim, um sério risco de haver retrocesso, muita flexibilização e redução dos nossos direitos se nós não fizermos nada para aplacar o avanço da ofensiva conservadora que desvairada, afronta tudo e a todos. O que podemos esperar?

 

                 Vejam a primeira derrota que tivemos no Congresso, na votação do Projeto da ampliação da participação popular na formulação das políticas públicas. Dos Conselhos Populares.

 

                 Vejam a  atuação muitas vezes indevida do Ministério Público nas entidades sindicais, visando paralisar e estrangular as entidades, através do impedimento das contribuições aos sindicatos, multas e outros instrumentos que ferem a liberdade de organização dos trabalhadores. Agora até o Supremo Tribunal resolve legislar contra os nossos interesses. Vejam o caso do FGTS, que restringe de 30 para  5 anos o direito à questionar na justiça o que não foi depositado pelo patronato.

 

                 Vejam as dificuldades que temos em aprovar a regulamentação definitiva da contribuição para a manutenção das entidades sindicais e todos os projetos de interesse dos trabalhadores engavetados no Congresso Nacional.

 

                 Vejam a campanha que a mídia e outros meios fazem contra os sindicatos, colocando-os na vala comum dos políticos corruptos.

 

                 Não basta falar em unidade e fazer congresso, aprovar pautas enormes e atraentes se não temos capacidade para fazer acontecer.

 

                 Precisamos sacudir e acordar as centrais sindicais, onde estão? – Cadê as grandes mobilizações de massa  para resolver os intrincados problemas que os sindicatos estão a enfrentar? – Cadê as grandes campanhas unitárias? Vamos eleger alguns temas que unifiquem a todos e vamos à luta para torná-los realidade. Eis a tarefa!

 

 

 

                 Por tudo isso é que a Federação dos Trabalhadores nas Indústrias do Estado do Paraná – FETIEP, reafirma os seus princípios, trabalhará como sempre fez, pela unidade da classe, com base no programa unitário da Segunda Conclat, manterá e fortalecerá a sua independência política, dos governos e dos partidos, apoiará tudo o que for feito de bom, em defesa da classe trabalhadora, do povo e do país, mas será contundente também na crítica a tudo o que de ruim acontecer, que não corresponda, aos compromissos públicos éticos e morais, que todos os brasileiros, independente de posição social ou partido, devem respeitar.  

 

                Em Defesa dos Interesses da Classe Trabalhadora!

 

 

 

                Luiz Gin - Presidente